Porque você faria algo que usará por alguns minutos de um material que basicamente vai durar pra sempre? - Jeb Berrier, Bag It.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Dia 31: Primeira parcial

Último dia de desafio e, como prometido, o registro do plástico descartável utilizado. Tem mais do que eu estava contabilizando, porque também inclui itens que havia comprado no mês passado, mas que foram consumidos ao longo deste mês.

A lista:
5 sacolas plásticas;
2 sacos de mandioca congelada;
2 sacos de pães de forma;
2 embalagens de queijo;
2 garfos;

1 saco de gelo;
1 saco de cebola;
1 embalagem de salame;
1 caixa de tomates cereja;
1 canudinho;
1 bolinha da Guinness;
1 saco de papel higiênico;
1 embalagem de sabonete;
1 embalagem de fone de ouvido;
1 caixa de leite;
1 embalagem de DVD;
1 pedaço de filme plástico daqueles que embalam comida;
4 outros saquinhos que não me lembro da onde saíram;



Além desta lista, ainda tenho duas garrafas plásticas, um pote de café, outro canudinho, uma carga de caneta e uma caixinha de goma de mascar, do dia em que limpei minha mesa lá na universidade e dois copos de refri dos dois primeiros dias, quando fui enganado ao acreditar que o copo era de papel.

Também perdi um pouco menos de 2,5 kg, que acredito estarem relacionados ao boicote à comida chinesa e demais tele-entregas, que abusam demais dos plásticos. A vida sem plástico é muito mais saudável.

Como disse ontem, devo continuar o desafio em agosto para ver se consigo reduzir mais o consumo de plásticos. Acredito que posso eliminar completamente os copos, canudinhos, sacolas e as outras embalagens de comida. Ainda tenho alguns items guardados que ainda não foram completamente consumidos (xampú, pasta de dente, desodorante, detergente líquido para lavar roupas e alguns outros items de comida).

O desafio acabou mudando alguns costumes. Parei de tomar leite, já que aqui é impossível comprar leite em garrafa de vidro. Como muito menos carne, já que o super aqui perto de casa não aceita colocar a carne em outra coisa que não seja uma bandeja de isopor enrolada em um filme plástico. Não compro mais pão de forma e nem queijo, que aqui todos são embalados em plástico. Não tomo mais refri, Guinness em lata e não masco mais chiclete. Agora tenho meus saquinhos de pano para ir às compras e carrego sempre minha própria caneca de café, minha garrafa reutilizável de água e um par de talheres. Acho que com um pouco de esforço, é possível passar um mês inteiro sem nenhum plástico, mas a transição demora um pouco.

Por fim, gostaria de agradecer todos os amigos que acompanharam este relato. Espero que esta experiência tenha despertado a atenção de vocês para este problema sério e para outros que o acompanham de perto, como a produção industrial de comida, o consumo exagerado e a nossa falta de responsabilidade sobre o lixo que geramos. Quando decidi começar o blog, tomei a decisão para que houvesse um certo comprometimento maior com o desafio, incentivado pelo compromisso de contar um pouco disso tudo para vocês. No próximo mês os posts não serão tão frequentes, mas prometo azucrinar o feed de todos lá no facebook. Valeu!

terça-feira, 30 de julho de 2013

Dia 30: É amanhã!

Plásticos descartáveis utilizados: 19
Sacolas plásticas recusadas: 16

Na véspera do fim deste desafio, consumi mais um plástico descartável. Tive que comprar um videogame (Demon's Souls, pra quem é da área) e, claro, o jogo veio embaladinho naquele plástico fininho, característico de CDs e DVDs.


Outro dia reclamei dos eletrônicos e pensei no que fazer com eles quando param de funcionar. Disse que comprei um fone de ouvido porque o antigo morreu. E eis que o novo vem com um etiquetinha de plástico com o desenho do que eu imagino ser uma lixeira. Então não posso jogar o fone no lixo? 

A empresa fabricante do fone está demais! Quer dizer que eles fabricam um troço que tem uma vida útil curtíssima, e pedem para que eu não descarte o produto. Assumir alguma responsabilidade ela não quer. Acho que é possível viver sem esses fones de ouvido também. Este foi o último que eu comprei.

Amanhã, dia do juízo final, postarei as fotos do meu plástico consumido durante o mês. Já adianto que não foi pouco, mas acho que foi bem menos que o de costume. Decidi que esticarei este esforço por mais um mês (por enquanto), para ver ser consigo reduzir ainda mais, agora que tenho um parâmetro para comparação. O mês promete ser complicado, porque nos últimos 30 dias não precisei comprar xampú ou pasta de dente. Os dois estão acabando. Vamos ver no que vai dar...

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Dia 29: A dois passos

Plásticos descartáveis utilizados: 18
Sacolas plásticas recusadas: 16

Faltam apenas dois dias para o término deste desafio e já recebi algumas mensagens para continuar com o blog e com o esforço. O esforço deve continuar, mas manter um blog diário é difícil. Talvez eu continue com posts semanais. Ainda estou indeciso. Os textos são curtos, mas demandam alguma pesquisa e isso leva tempo, principalmente se o objetivo é escrever alguma coisa que interesse. De vez em quando falta inspiração; parece que não há mais o que dizer. Outras vezes eu esqueço completamente.




Hoje, por exemplo, fiquei pensando sobre o assunto do post enquanto meu computador rodava um programinha pra filtrar séries temporais e para calcular uns níveis de significância utilizando testes conhecidos como simulações de Monte Carlo. Enfim, uma chatice.

O lado positivo é que tive bastante tempo pra procurar notícias na internet e aí apareceu uma polêmica sobre leis que tentavam proibir a distribuição de sacolas plásticas por supermercados do Estado de São Paulo. Na época, muita gente reclamou, utilizando os mais variados argumentos.

Talvez o mais curioso argumento utilizado foi o de que a população "reutiliza" as sacolas plásticas para ensacar o lixo que será recolhido pelo caminhão e que a proibição criaria até um problema sanitário, porque as pessoas passariam a depositar o lixo de maneira inadequada nas lixeiras. Alguns ainda completaram o argumento dizendo que o ideal seria obrigar a utilização de sacolas feitas de material biodegradável. Acho essa linha de argumentação improcedente, já que a sacola plástica poderia ser substituída por sacos de papel, que poderiam ser igualmente utilizados para o lixo. Entretanto, o plástico é preferido porque não precisamos prestar atenção no que jogamos "fora". É pura conveniência. 

Outro argumento comum é de que a proibição da distribuição de sacolas plásticas contraria o direito do consumidor de receber as sacolas e o dever do comerciante em oferece-las. Dizem que o consumidor paga por elas, uma vez que o preço está embutido no que é pago e que o comerciante é obrigado pelo Código de Defesa do Consumidor a fornecer a maldita. Além disso, parece que existe um direito dos comerciantes em distribuir as sacolas plásticas. Apesar de não ser especialista em direito de qualquer tipo, acho o fim da picada utilizar estes argumentos contra a proibição. A única razão por trás de todo este lalala jurídico é o vício por plástico e o preço imbatível da sacola plástica.




Por fim, o último argumento utilizado foi o de que não há comprovação científica de que as sacolas plásticas causam dano ao meio ambiente. Novamente, é preciso mais que ciência para que algo sirva como comprovação científica nas cortes brasileiras.

Amigos, todos os nossos direitos de utilizar sacolas plásticas causam mais prejuízos que vantagens. Temos a impressão que não, apenas porque ainda não precisamos pagar diretamente o preço do impacto do plástico no ambiente e nas nossas vidas. Por exemplo, o consumo excessivo de materiais não biodegradáveis diminui a vida útil de aterros sanitários. Gastos deste tipo não são contabilizados, mas existem e se fossem incorporados no preço da sacola plástica, talvez não haveria tanta vantagem em utiliza-las de maneira tão displicente. Muitas vezes, o que é legal (permitido ou garantido por lei) não é sinônimo do que é correto ou mesmo melhor.

domingo, 28 de julho de 2013

Dias 27 e 28: Lixo brasileiro

Plásticos descartáveis utilizados: 18
Sacolas plásticas recusadas: 16

Nos últimos dias, toda a mídia brasileira fez festa em torno da visita do papa. Até o lixo foi assunto. A prefeitura do Rio destacou que a Jornada Mundial da Juventude gerou apenas um sexto do lixo que é geralmente recolhido na festa de ano novo da cidade. Entretanto, o senhor Eduardo Paes não mencionou o destino do lixo ou se houve coleta seletiva. Aliás, qualquer cooperativa de catadores de materiais recicláveis pode informar que a coleta seletiva carioca é um fracasso. Serve apenas para livrar a consciência de quem nada quer fazer para amenizar a situação.


O lixo brasileiro até tem política pública. No entanto, tudo vai muito devagar. Mais da metade dos municípios brasileiro ainda sofre com destino inadequado de resíduos sólidos. E olha que essa informação vem do governo federal. Como todos sabemos, tal número deve ser ainda maior. Parece que há bastante coleta seletiva nas regiões sul e sudeste, mas, novamente, como qualquer cooperativa de catadores de materiais recicláveis pode lhe informar, coleta seletiva não é sinônimo de reciclagem ou reaproveitamento. Muitas vezes, como no Rio de Janeiro, grande parte da coleta seletiva tem o mesmo destino do resto do lixo, seja ele aterro sanitário ou lixão.

O Brasil, pelo que eu saiba, também não tem nenhuma política eficaz de responsabilidade pós-consumo, na qual as empresas que decidem o lixo que será produzido também arcam com uma parcela das despesas com os descartes. Enfim, o Brasil está atrasado, só para variar. 

Ainda bem que temos futebol.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Dias 24, 25 e 26: Dois desafios

Plásticos descartáveis utilizados: 18
Sacolas plásticas recusadas: 16

Sabe quando o nosso time está perdendo de goleada e todo mundo começa a pensar "perdido por, perdido por 10" ou "o que é um peido pra quem está c@g@do"? Esse é o sentimento neste fim de mês.

Ontem fui almoçar aqui perto da universidade. Não prestei atenção, pedi um chá gelado sem açúcar, e a garçonete trouxe o copo cheio já com o canudinho. Não tive escolha e tive que guardar o canudinho pra guardar na minha coleção de plásticos do mês de julho.



O segundo desafio mencionado no título do post é o de manter um blog diário. No começo foi fácil, mas depois da festa de aniversário do dia 20 e da ressaca do dia 21, ficou mais difícil. Até me lembra de outro ditado "porteira em que passa boi, passa boiada". Foi só deixar de escrever no fim de semana e o troço degringolou.



Hoje, há muitos lugares para encher de lixo e, dependendo de onde nós moramos, não vai ter muito plástico jogado pelas ruas (a não ser que seja no Brasil). Mas diferente da música do Pink Floyd, muita gente está tentando avisar que já é hora de correr para diminuir a quantidade de plástico que descartamos todos os dias. 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Dia 23: Malditos eletrônicos

Plásticos descartáveis utilizados: 17 
Sacolas plásticas recusadas: 16



Amigos, nada pior que comprar um eletrônico e ter que abrir a embalagem de plástico. 

Desde o início de junho, trabalho algumas horas por semana na previsão de furacões do Atlântico Norte. Sempre que estou escalado, tenho reuniões pela manhã para discutir as previsões numéricas, estabelecer as probabilidades de ocorrência de uma tempestade tropical e escrever um pequeno texto que é enviado por e-mail para as pessoas interessadas. Como a reunião é realizada pelo Skype e eu normalmente estou na minha sala, utilizo fones de ouvido para minimizar o impacto das conversas sobre os dois colegas com quem compartilho minha sala.

Acontece que meu fone de ouvido antigo morreu e fui comprar outro. Aí me deparei com a embalagem indestrutível. Mas pior que a embalagem, é o fone de ouvido antigo. Virou lixo e já tive que contabiliza-lo. Lembrei de quando meu desktop faleceu e no que fazer com os eletrônicos quase descartáveis que as empresas nos vendem. Tenho até uma televisão LCD de 50 polegadas na sala de casa que parou de funcionar. Aceitei a dica da Learning Fundamentals ("Google is your friend") e procurei uma alternativa ao caminhão de lixo. Achei uma tal de Recycletronics. Veremos o que eles podem fazer por nós...

terça-feira, 23 de julho de 2013

Dia 22: Congressos e conferências

Plásticos descartáveis utilizados: 15 
Sacolas plásticas recusadas: 15

Se você é professor ou estudante de oceanografia ou qualquer ciência geofísica, deve saber que dia 6 de agosto é o último dia para submissão de resumos de trabalhos para a reunião anual da American Geophysical Union (AGU Fall Meeting). A Fall Meeting é uma conferência monstro realizada em dezembro, todos os anos, em San Franciso (EUA). Os números são assustadores. Em 2012, foram mais de 24.000 participantes com ceraca de 15.000 posteres e 7.000 apresentações orais. A foto abaixo é mostra apenas parte do salão onde ocorre a apresentação de posteres. 



Lembro que estive lá em 2011 e passei por um poster que estimou as emissões de gás carbônico da conferência do ano anterior. A conclusão, considerada conservadora pelos autores, foi de que o total de CO2 emitido pelos participantes em 2010 foi de 19.000 toneladas of CO2. Os autores forneceram dados para comparação sugerindo que a emissão é equivalente ao total anual de CO2 emitido por pequenas nações insulares do Pacífico. A maior parte das emissões foi causadas pelas viagens de avião dos participantes.

O problema já é notório e foi já é motivo de debate entre cientistas, inclusive na revista Science. Entre as dicas para reduzir as emissões dessas conferências estão, entre outras: evitá-las sempre que puder, escolher um hotel perto do centro de convenções para poder caminhar e, claro, evitar os plásticos descartáveis (talheres, copos e sacolas). Normalmente, a AGU tem dois coffee breaks, um de manhã e outro a tarde. Imagine a quantidade de lixo gerado todos os dias!

Meu chefe ainda não sabe, mas eu não quero ir pra lá esse ano...