Porque você faria algo que usará por alguns minutos de um material que basicamente vai durar pra sempre? - Jeb Berrier, Bag It.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Desafio e duas pulgas, uma atrás de cada orelha

O desafio veio de um pessoal pode-crê da Austrália (Plastic Free July) e chegou até este blogueiro por uma amiga da vida real pelo Facebook. Ela compartilhou o link e eu, curioso, fui xeretar. A curiosidade não foi por acaso. Alguns dias antes deste primeiro de julho, conversamos exatamente sobre o problema do consumo exagerado de plástico no mundo. Escrevemos um texto para outro site (RGSurf) sobre o assunto. A intenção era aproveitar o dia mundial dos oceanos (8 de junho), mas como somos enrolados e tivemos a idéia na última hora, o texto atrasou, mas trouxe pulgas ávidas para alojarem-se atrás das minhas orelhas.

Com o passar do tempo, o leitor perceberá que este blogueiro não liga para a própria saúde. Assim, a pulga não veio dos argumentos acerca da quantidade excessiva de substâncias tóxicas embutida nos plásticos. A pulga pegou carona na fraqueza deste blogueiro para temas ambientais. Afinal, um oceanógrafo sempre tem alguma sensibilidade ambiental; mesmo os físicos! Chamaram a minha atenção dois números e duas observações:

A produção mundial de plástico aumentou de 1,5 milhão de toneladas, em meados dos anos 50, para 265 milhões em 2010 (De Oliveira, 2012).

Muito do plástico produzido todos os anos vai para o lixo (leia-se ambiente) muito rápido.

Uma vez descartado, o plástico não é biodegradável e, portanto, indestrutível.

As observações não tiveram origem na sagacidade deste blogueiro. Certamente, surgiram em uma conversa ou em um texto por aí antes que a ficha caísse por aqui. E essa ficha demorou pra cair. Newton ficaria horrorizado! Pela primeira vez, vislumbrei o óbvio: utilizamos um material infinitamente resistente para jogá-lo no ambiente na primeira oportunidade. Não faz sentido ambiental.

O plástico é tão barato, fácil de fabricar e de manipular que utilizar outro material não faz sentido financeiro. Essas vantagens tornam o plástico imbatível como embalagem ou componente de tudo. A maleabilidade é tão grande que permite a adição de inúmeros químicos para conferir uma ampla variedade de características e cores. A consequência é a onipresença plástica atual. As vantagens do plástico para o processo industrial ainda durarão muito tempo, mas os problemas associados aos plásticos aumentam rápido e muitas pessoas já estão preocupadas com os efeitos nocivos do plástico para a saúde humana e animal, principalmente nos oceanos. Confira Bag It!

A primeira pulga, então, instalou-se atrás da orelha direita: será possível equilibrar sentidos ambiental e financeiro ao utilizar plásticos?

Uma desbanalização do uso dos plásticos ocorre no mundo e o desafio Plastic Free July trouxe a pulga para a orelha esquerda: quanto plástico eu consumo regularmente?

Foi assim que decidi aceitar o desafio e reduzir meu consumo de plástico descartável (conhecido na gringa como single-use) durante este mês de julho. O plástico descartável que for utilizado será guardado para análises posteriores. Um objetivo pessoal é permanecer o maior período possível sem consumir plástico descartável. O blog está aqui para contar essa história na esperança de mandar as minhas pulgas para trás das suas orelhas.

6 comentários:

  1. Vou fazer um experimento diferente.
    Vou continuar com meus hábitos, mas vou separar no meu lixo reciclavel todo o plástico que eu utilizei.
    No fim do mês mando uma foto.
    Buscapé.

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  2. Busca, se permitir, publicamos a foto por aqui. Um abraço!

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  3. por esses também tava pensando num experimento diferente: pesar todo o lixo aqui em casa (separando em orgânico, reciclável e demais resíduos). Vou tentar por um tempo maior para tentar abranger sazonalidade e ter replicação para melhor análise estatística dos dados. Hahaha brincadeira, vou tentar uns 6 meses pra ver. Abraço e tô curioso pra ver o resultado da tua experiência pode-crê na gringa.

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  4. Cara, acho que vou ter que continuar o desafio em agosto pra ver se rola de reduzir. No começo tem muita pegadinha...

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  5. Sabe que fiz um "projeto" parecido? Meu prof de Laboratório de Criação pediu pra fazermos uma saia com "material sintético", mas ele queria algo que saísse do convencional "plástico"... Aí resolvi que era quase impossível me livrar de algo sintético não derivado do petróleo, como é o plástico... Propus que fosse mais conceitual e falei: vou usar as embalagens de consumo individual (nem levei em conta daquilo que é embalado e compartilhado em família/casa)... era só meu consumo individual. Resultado: plásticos variados, e um pouco de papel... a saia-projeto não saiu, mas juntei em DUAS semanas UMA sacola de embalagens só do meu consumo individual de embalagens (confesso que a maior parte era de chocolate) e fiquei assustadinha Mas valeu a lição =D - Marcela.

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